quarta-feira, 14 de setembro de 2011

      
(...) Valei-me Stª Sara Kali,
que o deserto atravessou...
Compadeça-te de mim pobre mulher que de sangue nômade nasci e rejeitada pela sorte de viver entre meu povo,
Vivi uma vida inteira na sombra do que realmente sou.
Minha mãe mulher de vida fácil relacionou-se com um homem cigano,
Fui aceita pela metade entre os ditos meus parentes...
Na verdade passei uma vida inteira com meia identidade,
Mas não me queixo da sorte,
Pois em meus traços fisionômicos trago o mistério da minha raça,
Não me queixo e nem reclamo nada,
Hoje apenas aceito que serei sempre uma cigana pela metade...
Para minha própria mãe não passo de uma meio-gitana,
Porque assim me vê pela lembrança de meu pai.
Não odeio ninguém, porém aguardo a justiça de Deus,
Pela mão poderosa de minha Kali.(...)
[Marilda Amaral]

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